Auguste François Marie Glaziou (1828 - 1906) chegou ao Brasil em 1858 onde permaneceu até 1893.
Este francês, bretão, demonstrava fascínio pela natureza brasileira e considerava
como guia as descrições sobre as expedições realizadas por Auguste de
Saint-Hilaire nessa terra. Ele acrescentou como seu prenome Auguste, possivelmente em homenagem a Auguste de Saint-Hilaire.
Foi introduzido à botânica através do ofício de seu
pai jardineiro, agricultor e horticultor. Sua vinda para o Brasil teve como
objetivo a busca de oportunidades.
Sua paixão pelas plantas o levou ao paisagismo. Em 1860 foi indicado como o profissional
responsável pela reformulação do Passeio Público e em 1869 foi nomeado Diretor de Parques
e Jardins da Casa Imperial por D.Pedro II. Este paisagista projetou o jardim da Quinta
da Boa Vista em 1876 e o do Campo de Santana, concluído em 1880. Glaziou seguiu a
influência dos padrões europeus, especialmente os espaços públicos franceses, como o
ajardinamento e a arborização. Nos parques idealizados por ele foram plantados
espécimens ornamentais do nosso país e das mais remotas regiões do globo, vindos
de todos os climas.
Os ilustrados botânicos de Kew Gardens possibilitaram a manutenção de um constante
fluxo de sementes e mudas de plantas nativas brasileiras, que eram enviadas para Kew,
e de exóticas, que vinham para o Brasil e passariam a serem usadas nos jardins públicos
do Rio de Janeiro que foram considerados bens culturais e artísticos.
Glaziou coletou espécimes botânicos nas matas e restingas do Rio de Janeiro, em
São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás. Realizou trabalhos de campo na
Serra do Mar, na Serra dos Órgãos, na altura do alto Macaé, em Nova Friburgo e no
Pico do Itatiaia. Integrou a Comissão Exploratória do Planalto Central do Brasil,
no final do século XIX (1861-1895), que avaliou a localização de uma nova capital no Brasil
central, hoje Brasília. Nesta região coletou inúmeros táxons de diferentes famílias
botânicas do cerrado. Foi um exímio herborizador. Sua coleção de plantas herborizadas
consta de mais de 12.000 espécimens, sendo representada por 22.790 exemplares que
concebem os registros históricos mais importantes da flora dos locais por
onde excursionou e que, ao longo do século XX, sofreu uma grande transformação
socioeconômica com o aumento populacional, urbanização e expansão agrícola.
Redigiu “Plantae Brasiliae centralis a Glaziou lectae”, “Liste des Plantes du
Bresil Central recueillies en 1861-1895” (Mem. Soc. Bot. France 3. 1905-1913)
em 1895. Nesta obra as espécies são acompanhadas por pequenas descrições,
notas biológicas e biogeográficas. Leandri em 1963 na Adansonia 3:5-18, elogiou
o cuidado de Glaziou em nomear, numerar e ordenar a lista de espécies e plantas do
Brasil, publicado em 1905.
Nos 35 anos que Glaziou passou nas terras brasileiras, distribuiu exsicatas de
sua coleção para serem identificadas por botânicos. Deixou um grande número
de correspondências com ilustres botânicos da época como von Martius (37 missivas)
e foi um coletor muito citado nas espécies novas na Flora Brasiliensis.
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